Na abertura do nosso IV Simpósio Literário Filosófico, Dom Edney fala sobre alteridade e relações pa

Na última terça-feira, vinte e dois de setembro, nosso bispo diocesano, o Exmo. eRvmo. Sr. Dom Edney Gouvêa Mattoso, proferiu o discurso de abertura do IV Simpósio Literário Filosófico promovido por nosso Seminário Diocesano, que teve como tema a Alteridade, isto é, a relação com o outro. Na ocasião, ele ressaltou a importância do evento e abordou sua temática geral dando especial enfoque às relações de alteridade estabelecidas entre os pastores de Cristo e as suas ovelhas.

Dom Edney destacou que a relação com o outro, algo tão conflitivo nos tempos hodiernos, é, na verdade, o que há de mais elevado no espírito humano, distinguindo-o qualitativamente de todas as demais criaturas. O outro – afirmou ele - é, pois, o campo no qual se manifestam o contraste e a distinção, a semelhança e a diferença, o compromisso e a fraternidade; é aquele que me coloca constantemente diante da pergunta pela minha identidade e revela-me, ao mesmo tempo, que não sou o centro do universo; libertando-me da auto-referência, torna-se para mim um caminho de salvação, ao passo que o fechamento significariauma via de inevitável perdição.

Citando a Constituição pastoral GaudiumetSpes do Sagrado Concílio Vaticano II, nosso bispo salientou que a Revelação divina, por meio das Sagradas Escrituras, mostra o homem posto no mundo não como criatura isolada, mas como ser essencialmente social, assim constituído por Aquele que estabeleceu a relação entre o varão e a mulher como forma primeira de comunhão entre pessoas, donde decorre que, uma vez lançado no inferno do isolamento, o ser humano não pode nem viver nem realizar-se em plenitude (Cfr. GS, 12).

A partir dessa premissa, Dom Edney prosseguiu afirmando: “O caminho de todo ser humano e, por conseguinte, o caminho da Igreja passa necessariamente pelo problema em torno do outro”, e é neste sentido – explicou ele - que o Santo Padre tem exposto “a necessidade de transferir o centro das preocupações de cada coração fiel para as necessidades reais e verdadeiros desafios de nossos semelhantes”. O Papa Francisco - observou nosso bispo -, sobretudo por seu itinerário de viagens apostólicas, tem dado o exemplo de saída de si mesmo, encarnando a figura da Igreja apresentada por Santo Agostinho em seu Sermão sobre os pastores, como videira que braceja em busca dos ramos cortados e pastor que vai à procura das ovelhas desgarradas.

Nessa perspectiva, Dom Edney destacou um ponto específico do Magistério do Santo Padre, a saber, seu ensino acerca das relações entre os pastores e as ovelhas na Igreja de Cristo, relações que, por sua vez, não possuem outro fundamento senão na relação de amor e cuidado de Deus para com o seu povo. Aludindo à expressão “pastores com cheiro de ovelhas”, cunhada pelo Bispo de Roma, nosso bispo afirmou que os pastores devem estar onde as ovelhas estão,quer seja nos ambientes reais, quer seja nos virtuais, “para que a lacuna gerada pela ausência do pastor não leve à perda do rebanho” e recordou que o apascentar-se a si mesmo constitui um grave desvio de conduta, já que o pastoreio só existe em virtude do rebanho. Se as ovelhas podem viver sem pastor, se bem que neste caso vivam errantes, cena mais dramática - afirmou Dom Edney - seria um pastor sem ovelhas, porque assim ele perde sua própria identidade e, por seu isolamento, se vê mergulhado num verdadeiro inferno existencial, donde decorrem tanta insatisfação e tantas situações depressivas. Com efeito, refletindo sobre o influxo positivo do carinho e do retorno dos fiéis para a fidelidade dos pastores, ele afirmou: “O sacerdote que sai pouco de si mesmo, que unge pouco, perde o melhor do nosso povo, aquilo que é capaz de ativar a parte mais profunda do seu coração presbiteral”.

Dom Edney recordou que nossos tempos exigem uma Igreja em saída, uma Igreja que vá ao encontro do homem e que se envolva com ele, o que é muito mais que uma atitude desesperada de autopreservação. Ele observou que “dentro e fora da Igreja, levanta-se uma preocupante tendência ao isolamento, à melancolia, ao egoísmo e à insensibilidade”, e comentouque não há nada mais triste e mais danoso à vida de uma comunidade que um padre individualista, fechado em si mesmo e encastelado em seus problemas.

Concluindo sua alocução, nosso bispo destacou a necessidade de que a Igreja anuncie com ousadia o Evangelho de Cristo e de que os ministros deste mesmo Evangelho adquiram o cheiro das ovelhas tocando a carne sofredora de Cristo no povo, porque toda a missão pessoal e comunitária dos discípulos do Senhor toca inevitavelmente a questão da alteridade, porquanto se reveste da dedicação, do cuidado e do serviço ao outro, atitudes sempre radicadas no pastoreio que Deus exerce sobre seus pastores. “De fato – afirmou ele -, precisamos ser pastores uns dos outros, mas para isso é necessário ouvir a voz do Bom Pastor, adquirir o cheiro das suas ovelhas, e depois anunciá-lo com destemor”.

1° dia do nosso Simpósio Literário Filosófico.

No dia 22, o Bispo Diocesano, Dom Edney Gouvêa Mattoso, abriu oficialmente o evento. Logo após, foi abordado o tema “Dostoiévski e o outro”, com palestra do Professor Felipe Simas, graduado em Letras/Inglês e pós-doutorando em Psicologia pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP), mestre e doutor em Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC- RJ).

2° dia do nosso Simpósio Literário Filosófico.

No dia 23 segundo dia o tema foi “ A identidade e Alteridade, em Paul Ricoer”.

3° dia do nosso Simpósio Literário Filosófico.

No último dia, foi abordado o tema “O melhor de mim são os outros - Manuel de Barros”, com palestra do Professor César Lapa, graduado em Filosofia e Mestre em Ciências da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ)